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15.6.05

A Mãe de Deus 

Foi lançado há menos de um mês um documento conjunto, católico-anglicano, sobre a Mãe de Deus. Não o li todo, mas do que li parece-me que se trata duma aceitação anglicana da doutrina católica. A notícia no site oficial da Comunhão anglicana acha-se aqui.

Domingo XII T. Comum, ano A 

Na primeira leitura de hoje ouvimos um trecho do livro de Jeremias, profeta que viveu no final do século VII a.C., princípio do século VI. Foi uma época difícil. O reino de Israel, ao norte, tinha sido destruído pela Assíria; muitos israelitas tinham sido deportados, e colonos estrangeiros sido trazidos. Judá estava vassalo de Babilónia, mas muitos queriam trocar de lado e aliar-se com o Egipto, a ver se mudavam de suserano. Jeremias não fugiu da complexa questão política que era ficar-se como estava ou trair o suserano e passar para o lado do seu principal adversário. Recomendou a calma e a tranquilidade, opondo-se às ideias belicistas então em voga. De na lhe serviu. O Egipto, «essa cana rachada», como ele lhe chamou, foi derrotado, e Babilónia acabou por conquistar Jerusalém e arrasá-la. Muitos foram deportados, e para governar os que ficaram foi nomeado um governador judeu, Godolias. Jeremias tornou a aconselhar calma e tranquilidade, mas não: uns fanáticos que achavam Godolias traidor mataram-no, e, dos judeus que ainda havia na terra, muitos, temendo a vingança dos babilónios, fugiram para o Egipto, e raptaram Jeremias e o seu secretário Baruc, que assim morreram, sem quererem, em terra estrangeira.

Esta leitura é ainda do tempo em que Jerusalém estava de pé e todos se opunham ao profeta Jeremias. Este deu-nos, assim, um exemplo notável pela sua firmeza. É que não era só a multidão que se lhe opunha. Opunham-se-lhe o rei, os nobres, a corte, os sacerdotes, os levitas. Claro que havia também quem lhe prestasse ouvidos. (Até, por exemplo, um estrangeiro, Abimelec, que uma vez lhe salvou a vida, tirando-o dum poço sem água onde tinha sido lançado para morrer, por ordem do rei, dada contra a sua vontade para acalmar a corte e manter o apoio da nobreza.) Mas Jeremias cumpriu a sua missão contra a opinião de vários reis (um até queimou pessoalmente as suas profecias), de vários altos dignitários, de muitos sacerdotes, de multidões que troçavam dele quando falava em público. São tudo ídolos, e que hoje ainda têm seguidores: há quem idolatre as maiorias e se esforce por estar sempre na moda (ou pelo menos numa moda, que hoje em dia há várias que co-existem, para que aqueles que acham que são rebeldes se possam padronizar por um de vários moldes alternativos), há quem se esforce por estar sempre na ribalta, há quem se esforce por seguir asininamente as opiniões de certos clérigos (ou, pior, as opiniões de certos clérigos vendidas anonimamente, por questão de marquetingue, como um impessoal «magistério da Igreja», o que é uma maneira de fazer esquecer que aquilo foi escrito por alguém, por pessoas, e não foi mandado por mail por Deus omnisiciente), há quem se esforce por seguir a opinião de certos políticos... O exemplo de Jeremias não podia ser mais eloquente em mostrar-nos a importância da nossa responsabilidade individual e pessoal.

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